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Galeria Quadrum; 2023. © Bruno Lopes


Quadrum 50 anos, uma fogueira cultural (2023)
Um projeto curatorial de Paulo Mendes 

Cenografia 
Paulo Mendes
com a colaboração de Inês Leal

[https://galeriasmunicipais.pt/exposicoes/quadrum-50-anos-uma-fogueira-cultural/]
Por ocasião dos 50 anos da Galeria Quadrum, as Galerias Municipais inauguram no dia 16 de Setembro, a exposição Quadrum 50 anos, uma fogueira cultural, um projeto curatorial de Paulo Mendes.

Em 2023, comemoram-se cinquenta anos desta galeria histórica, ímpar na sua visão e experimentalismo no contexto artístico português. Por ela passaram muitos artistas seminais para o meio das artes plásticas ao longo das várias décadas de atividade. Esta exposição integra obras históricas de António Olaio, António Poppe, Ernesto de Sousa, Alberto Carneiro, João Vieira, Jorge Molder, Julião Sarmento, Miguel Palma, Cristina Mateus, Paulo Mendes, Fernando Brito, Alexandra do Carmo, Ana Hatherly, Miguel Leal, Salette Tavares, E. M. de Melo e Castro, além de documentação, em papel e em registo vídeo, recolhida no espólio documental da Galeria e noutros espólios documentais.

A inauguração desta exposição – com performances de António Olaio e António Poppe a partir de textos do arquivo expositivo da Quadrum – foi pensada pelo curador deste projeto como um momento singular de celebração para a comunidade artística, de modo abrangente e transversal – artistas, curadores, representantes de instituições, galerias, colecionadores, imprensa – mas também para o público em geral.

Texto de Paulo Mendes:

1973, Dulce d’Agro abre a Galeria Quadrum a 22 de Novembro com a exposição coletiva “Artistas Modernos Portugueses.”

Poucos meses depois, apenas com duas exposições realizadas, acontece a Revolução dos Cravos, exterminando um regime ditatorial fascista de meio século. Na conturbada década de 1970, a cultura e a política estavam em agitação e transformação permanente. A Galeria Quadrum será um dos lugares privilegiados para assistir a essas mudanças na sociedade portuguesa, seja no pensamento cultural seja na acção política, em que muitos desses artistas estavam empenhados. Dulce d’Agro ateou uma fogueira cultural, como declarou numa entrevista, alimentada por uma comunidade de criadores e sustentada economicamente por ela. A história da sua vida confunde-se com a história da galeria Quadrum. Na efemeridade da sua acção, iluminou as sombras de um Portugal marcado pelos anos de chumbo do Estado Novo. A liberdade criativa exposta na Quadrum transformou os modos de produção, internacionalização, divulgação e apresentação de exposições.

A lista de artistas apresentados na Galeria Quadrum ao longo de cinquenta anos de exposições é extensa. Numa primeira fase, entre 1973 e 1995, sob a direcção de Dulce d’Agro podemos destacar nomes como Alberto Carneiro, Ana Hatherly, Álvaro Lapa, Ana Vieira, António Palolo, António Sena, E.M. de Melo e Castro, Eduardo Nery, Eurico Gonçalves, Fernando Calhau, Graça Pereira Coutinho, Ernesto de Sousa, Irene Buarque, João Vieira, Joaquim Bravo, Joaquim Rodrigo, Jorge Pinheiro, José Barrias, José Conduto, José de Carvalho, José de Guimarães, Julião Sarmento, Karel Appel, Leonel Moura, Manuel Baptista, Nikias Skapinakis, Noronha da Costa, Patrícia Garrido, Manuel Valente Alves, Pedro Calapez, Pedro Portugal, Pires Vieira ou Salette Tavares, que com ela colaboraram, muitos deles de forma regular e cúmplice.

Na fase final da sua direcção voltou a apresentar alguns autores que se tornariam fundamentais da década de 1990 que se iniciava: Cristina Mateus, Carlos Vidal, Fernando Brito, Miguel Leal, Miguel Palma, Rui Serra e Paulo Mendes.

O fim de século coincide com um fim de ciclo. Dulce d’Agro (1915-2011) encontra-se doente, e não pode continuar a acompanhar os destinos da sua Galeria, sendo dado por terminado o seu contrato de arrendamento com a Câmara Municipal de Lisboa. Segue-se um período incerto para o futuro da Galeria Quadrum, com encerramentos intermitentes, interrompidos entre 1999 e 2005 por uma programação sob a direcção de António Cerveira Pinto e a sua Aula do Risco. Mais tarde, em 2010, a Câmara Municipal de Lisboa, através da sua empresa municipal EGEAC, retoma o controle sobre o espaço da Galeria e da sua programação.

Uma nova geração de criadores, a par de exposições antológicas históricas, vai integrando as diferentes propostas e ciclos curatoriais como: Ângela Ferreira, André Guedes, Ana Jotta, Alexandra do Carmo, Ana Mendieta, André Romão, António Bolota, António Ole, Bruno Pacheco, Carla Filipe, Catarina Botelho, Diogo Evangelista, Dalila Gonçalves, Francisco Queirós, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, Kiluanji Kia Henda, Manuel Zimbro, Manuel Santos Maia, Mónica de Miranda, Pedro Barateiro, Projecto Teatral, Pedro Neves Marques, Sara Bichão, Sara & André ou Vasco Araújo.

Em 2023 comemoram-se cinquenta anos de uma galeria histórica e ímpar na sua conceção programática. Celebra-se a memória dessa galerista mítica, Dulce d’Agro, sem esquecer que a sua história pessoal é também o testemunho da precariedade endémica de um sistema artístico e cultural. Neste país, social e politicamente conservador, ontem e hoje, transparece uma certa incapacidade em dialogar de forma sustentada com o pensamento contemporâneo.

“Com a Quadrum, participei em Feiras internacionais, desde 1977, divulgando o trabalho e a criação dos artistas portugueses; orgulho-me aliás de ter aberto este caminho para a arte portuguesa. Realizei na Quadrum, com colaborações plurais, cursos de arte moderna e estética, promovi cursos de gravura, com isso procurei sensibilizar e informar sobre a arte moderna contemporânea. Fiz com esta actividade uma pequena fogueira cultural onde se aqueceram os espíritos apaixonados da arte, como eu.”

Dulce d’Agro, 1990

Paulo Mendes