EN | Elvis has left the building by Inês Leal
Abstract
Alexandre Estrela's work since the 1990s, which has been attentive to technology and the illusions of representation and optics related to image and video production, has given rise to a body of work that reflects on the nature of the image and its scope. Through the emphasis given to the intrinsic properties of the medium, he reflects on the ontological and phenomenological condition of the film itself. The exposition of the construction of the work rejects the dramatic or representative narrative of cinema and, through a materialistic and plastic motivation, looks at the importance of the ‘material’ itself. This perspective, which demystifies the illusionism of ‘production’, exposes the internal dialectic of images. In this sense, by selecting the artist Alexandre Estrela's body of work, we will reflect on the creation of dialectical images. This written work will therefore be divided into two chapters. In the first part, I will define the photographic ecstasy presented by Roland Barthes. In the second part, I will relate photographic ecstasy to material awareness combined with the production of characteristic images in the body of work, analyzing the exhibition Meio Concreto (2013) and the works Sem Sol (1999), Merda (2006), Moondog (2010) and finally, A Man Between Four Walls (2008).
Keywords
Dialectical Image, Photographic Ecstasy, Alexandre Estrela, Experimental Cinema, Structural Cinema
(During the research, a presentation was developed that consisted of a performance presentation where instead of strictly exposing the structure of the written work, I chose to develop an action that combines orality and the moving image. The performance presentation consisted of the transmission of a text which, based on Roland Barthes' last statement in “The Clear Camera”, I developed a reflection on photographic ecstasy using Georges Didi-Huberman and Walter Benjamin, which I will return to in the first chapter of the written work: ’(...) a properly revulsive movement, which alters the course of things, and which I shall call, in conclusion, photographic ecstasy.’ (Barthes, 1980)While the text was being spoken, a montage of excerpts from different films was shown simultaneously, complementing and informing the text).The montage consisted of the following films: Revolution (1976) by Ana Hatherly, The Thing (1990) by Nanni Moretti, D'Est (1993) by Chantal Akerman, and finally, Without Sun (1999) by Alexandre Estrela. This two-plane presentation structure allowed us to develop an experience where, based on the image and the text, the viewer was invited to choose whether to pay attention to the image or the word. This unconventional approach to a presentation in an academic context led, to a certain extent, to astonishment, revealing that astonishment is contextual and depends primarily on what is expected. This is one of the sensations that Alexandre Estrela transfers to image and video production, which I will develop in my written work and relate to the photographic ecstasy proposed by Roland Barthes.
PT | Elvis has left the building by Inês Leal
Sumário
A obra de Alexandre Estrela desde os anos 90 que atenta à tecnologia e às ilusões da representação e da ótica relacionadas com a produção da imagem e do vídeo, deu origem a um corpo de trabalho que reflete sobre a natureza da imagem e o seu alcance. Através da ênfase dada às propriedades intrínsecas ao médium, reflete sobre a condição ontológica e fenomenológica do próprio filme. A exposição da construção do trabalho rejeita a narrativa dramática ou representativa do cinema e, através de uma motivação materialista e plástica debruça-se sobre a importância do “material” em si mesmo. Pela motivação de rompimento e alteração de como olhamos para as imagens, esta perspetiva que desmistifica o ilusionismo da “produção”, expõe a dialética interna das imagens. Neste sentido, iremos, através de uma seleção do corpo de trabalho do artista Alexandre Estrela refletir sobre a criação de imagens dialéticas. Assim, este trabalho escrito estará dividido em 2 capítulos. Na primeira parte, irei definir o êxtase fotográfico que é apresentado por Roland Barthes. Na segunda parte, irei relacionar o êxtase fotográfico com a consciência material aliada à produção de imagens característica no corpo de trabalho, analisando a exposição Meio Concreto (2013) e as obras Sem Sol (1999), Merda (2006), Moondog (2010) e por fim, Um homem entre quatro paredes (2008).
Palavras-chave
Imagem Dialética, Êxtase Fotográfico, Alexandre Estrela, Cinema Experimental, Cinema Estrutural
(Durante a investigação foi desenvolvida uma apresentação que consistiu numa apresentação-performance onde em vez de se expor estritamente a estrutura do trabalho escrito, optei por desenvolver uma ação que combina a oralidade e a imagem em movimento. A apresentação-performance consistiu na transmissão de um texto que, a partir da última afirmação de Roland Barthes em “A Câmara Clara”, desenvolvi uma reflexão sobre o êxtase fotográfico recorrendo a Georges Didi-Huberman e a Walter Benjamin que irei recuperar no primeiro capítulo do trabalho escrito: “(...) movimento propriamente revulsivo, que altera o curso da coisa, e que chamarei, para concluir, o êxtase fotográfico.” (Barthes, 1980) Enquanto o texto ia sendo proferido, em simultâneo, foi exibida uma montagem de excertos de diferentes filmes que iam complementando e informando o texto (Anexo 1). A montagem era composta pelos seguintes filmes: Revolução (1976) de Ana Hatherly, A coisa (1990) de Nanni Moretti, D’Est (1993) de Chantal Akerman e por fim, Sem Sol (1999) de Alexandre Estrela. Esta estrutura de apresentação em dois planos permitiu desenvolver uma experiência onde, a partir da imagem e do texto, o espectador era convidado a optar por atentar a imagem ou a palavra. Esta abordagem não convencional numa apresentação em contexto académico induziu, em certa medida, ao espanto, revelando que este é contextual e dependente primeiramente daquilo que é expectável. Esta é uma das sensações que Alexandre Estrela transfere para a produção da imagem e do vídeo que irei desenvolver no trabalho escrito e relacionar com o êxtase fotográfico proposto por Roland Barthes.)
Abstract
Alexandre Estrela's work since the 1990s, which has been attentive to technology and the illusions of representation and optics related to image and video production, has given rise to a body of work that reflects on the nature of the image and its scope. Through the emphasis given to the intrinsic properties of the medium, he reflects on the ontological and phenomenological condition of the film itself. The exposition of the construction of the work rejects the dramatic or representative narrative of cinema and, through a materialistic and plastic motivation, looks at the importance of the ‘material’ itself. This perspective, which demystifies the illusionism of ‘production’, exposes the internal dialectic of images. In this sense, by selecting the artist Alexandre Estrela's body of work, we will reflect on the creation of dialectical images. This written work will therefore be divided into two chapters. In the first part, I will define the photographic ecstasy presented by Roland Barthes. In the second part, I will relate photographic ecstasy to material awareness combined with the production of characteristic images in the body of work, analyzing the exhibition Meio Concreto (2013) and the works Sem Sol (1999), Merda (2006), Moondog (2010) and finally, A Man Between Four Walls (2008).
Keywords
Dialectical Image, Photographic Ecstasy, Alexandre Estrela, Experimental Cinema, Structural Cinema
(During the research, a presentation was developed that consisted of a performance presentation where instead of strictly exposing the structure of the written work, I chose to develop an action that combines orality and the moving image. The performance presentation consisted of the transmission of a text which, based on Roland Barthes' last statement in “The Clear Camera”, I developed a reflection on photographic ecstasy using Georges Didi-Huberman and Walter Benjamin, which I will return to in the first chapter of the written work: ’(...) a properly revulsive movement, which alters the course of things, and which I shall call, in conclusion, photographic ecstasy.’ (Barthes, 1980)While the text was being spoken, a montage of excerpts from different films was shown simultaneously, complementing and informing the text).The montage consisted of the following films: Revolution (1976) by Ana Hatherly, The Thing (1990) by Nanni Moretti, D'Est (1993) by Chantal Akerman, and finally, Without Sun (1999) by Alexandre Estrela. This two-plane presentation structure allowed us to develop an experience where, based on the image and the text, the viewer was invited to choose whether to pay attention to the image or the word. This unconventional approach to a presentation in an academic context led, to a certain extent, to astonishment, revealing that astonishment is contextual and depends primarily on what is expected. This is one of the sensations that Alexandre Estrela transfers to image and video production, which I will develop in my written work and relate to the photographic ecstasy proposed by Roland Barthes.
PT | Elvis has left the building by Inês Leal
Sumário
A obra de Alexandre Estrela desde os anos 90 que atenta à tecnologia e às ilusões da representação e da ótica relacionadas com a produção da imagem e do vídeo, deu origem a um corpo de trabalho que reflete sobre a natureza da imagem e o seu alcance. Através da ênfase dada às propriedades intrínsecas ao médium, reflete sobre a condição ontológica e fenomenológica do próprio filme. A exposição da construção do trabalho rejeita a narrativa dramática ou representativa do cinema e, através de uma motivação materialista e plástica debruça-se sobre a importância do “material” em si mesmo. Pela motivação de rompimento e alteração de como olhamos para as imagens, esta perspetiva que desmistifica o ilusionismo da “produção”, expõe a dialética interna das imagens. Neste sentido, iremos, através de uma seleção do corpo de trabalho do artista Alexandre Estrela refletir sobre a criação de imagens dialéticas. Assim, este trabalho escrito estará dividido em 2 capítulos. Na primeira parte, irei definir o êxtase fotográfico que é apresentado por Roland Barthes. Na segunda parte, irei relacionar o êxtase fotográfico com a consciência material aliada à produção de imagens característica no corpo de trabalho, analisando a exposição Meio Concreto (2013) e as obras Sem Sol (1999), Merda (2006), Moondog (2010) e por fim, Um homem entre quatro paredes (2008).
Palavras-chave
Imagem Dialética, Êxtase Fotográfico, Alexandre Estrela, Cinema Experimental, Cinema Estrutural
(Durante a investigação foi desenvolvida uma apresentação que consistiu numa apresentação-performance onde em vez de se expor estritamente a estrutura do trabalho escrito, optei por desenvolver uma ação que combina a oralidade e a imagem em movimento. A apresentação-performance consistiu na transmissão de um texto que, a partir da última afirmação de Roland Barthes em “A Câmara Clara”, desenvolvi uma reflexão sobre o êxtase fotográfico recorrendo a Georges Didi-Huberman e a Walter Benjamin que irei recuperar no primeiro capítulo do trabalho escrito: “(...) movimento propriamente revulsivo, que altera o curso da coisa, e que chamarei, para concluir, o êxtase fotográfico.” (Barthes, 1980) Enquanto o texto ia sendo proferido, em simultâneo, foi exibida uma montagem de excertos de diferentes filmes que iam complementando e informando o texto (Anexo 1). A montagem era composta pelos seguintes filmes: Revolução (1976) de Ana Hatherly, A coisa (1990) de Nanni Moretti, D’Est (1993) de Chantal Akerman e por fim, Sem Sol (1999) de Alexandre Estrela. Esta estrutura de apresentação em dois planos permitiu desenvolver uma experiência onde, a partir da imagem e do texto, o espectador era convidado a optar por atentar a imagem ou a palavra. Esta abordagem não convencional numa apresentação em contexto académico induziu, em certa medida, ao espanto, revelando que este é contextual e dependente primeiramente daquilo que é expectável. Esta é uma das sensações que Alexandre Estrela transfere para a produção da imagem e do vídeo que irei desenvolver no trabalho escrito e relacionar com o êxtase fotográfico proposto por Roland Barthes.)